Logística de carga urbana: uma análise da realidade brasileira

Autor: Paulo Fernandes Sanches Junior
Orientador: Prof. Dr. Orlando Fontes Lima Jr.

A União Européia vem patrocinando, desde o ano de 2000, consórcios (união de universidade, iniciativa privada e poder público) com o objetivo de conhecer a realidade da logística de carga urbana. No Brasil, projetos como os desenvolvidos na Europa ainda não foram iniciados. Porém, com a ratificação do Protocolo de Quioto pelo governo brasileiro e sua vigência a partir de 2005, aliado à nova Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável (PNMUS), esse tema ganha visibilidade e força nas discussões das possíveis soluções de mobilidade urbana sustentável. O objetivo da pesquisa foi investigar a realidade da logística da carga urbana no Brasil. De forma específica buscou-se analisar o estágio atual da logística da carga urbana nas metrópoles do Brasil, identificar qual é o conceito de carga urbana no contexto brasileiro e comparar as soluções nacionais de carga urbana com as práticas internacionais. Para isso utilizou-se o método hipotético-dedutivo seguindo uma estratégia desenvolvida pelo projeto europeu BESTUFS voltado para questões semelhantes na Europa. Através da elaboração de uma matriz (MIRCU ¿ Matriz Investigativa da Realidade da Carga Urbana) e um questionário (QIRCU ¿ Questionário Investigativo da Realidade da Carga Urbana) pesquisou-se os conceitos, cenário atual e ideal, estratégias, projetos e soluções de carga urbana desenvolvidos por 20 metrópoles brasileiras. O QIRCU foi respondido pelos administradores públicos municipais responsáveis pela elaboração das políticas de trânsito das cidades. O trabalho demonstrou que os conceitos do transporte de carga urbana no Brasil se formam a partir do estágio de urbanização que as cidades se encontram e os projetos são desenvolvidos sem nenhum controle dos resultados obtidos com a sua implantação. Através da pesquisa foi possível identificar que, na percepção dos entrevistados, o conceito de mobilidade urbana no Brasil não contempla as atividades de carga urbana. Isso demonstra como será difícil ao governo brasileiro colocar em prática qualquer política nacional de mobilidade urbana sustentável, uma vez que cada cidade possui um conceito diferente tanto de mobilidade urbana quanto do transporte de carga e até mesmo do que é a carga urbana. Essa administração reativa dos problemas da carga urbana compromete a implementação da técnica de City Logistics que prevê um correto planejamento das atividades que irão ocorrer no centro das cidades.

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